segunda-feira, 22 de outubro de 2007

After all

Tenho pensado demais, investigado demais, procurado sentir demais. E raciocinando o que não é lógico por natureza, tenho estado preso no paradoxo comum do tentar-sentir que enjaula e reprime o sentir natural, o sentir-fluido. É uma coisa idiota esse nosso desespero por sentirmos-nos vivos, nosso horror de não-aproveitar a vida. Idiota e inútil, por que é esse mesmo desespero que nos sobrecarrega, nos impede de aproveitar a vida verdadeira, a vida que não precisa ser examinada nem compreendida nem raciocinada: a vida sentida, a vida que invade a alma desrespeitando as nossas resistências, nossos preconceitos. Essa é a única vida que importa: o existir ao acaso. E, entende, foi existindo ao acaso que te encontrei, que você entrou na minha vida, quem sabe, devo dizer, se tornou a minha vida, ultimamente. Foram as probabilidades ou quem sabe Deus - isso que eles chamam de Deus - ou talvez o universo (e talvez sejam as três coisas uma só) que me mostraram um caminho novo, levemente: uma possibilidade de amor. E estou fazendo a minha parte, estou deixando-me guiar por esse acaso que nos juntou, estou exercendo a calma e abandonando o preocupar-se que impregnava a rotina. E mais importante: simplesmente agradeço. Não tento prever, calcular, previnir ou compreender. disseram:
"A única magia que existe é estarmos vivos e não entendermos nada disso. A única magia que existe é a nossa incompreensão."
Disseram verdades.



"I like you too much
After too little time
I hold back my heart’s crazy rambling
The fear that I should overwhelm your smile
Frightens the spiders inside me

Oh this could be magic
After all, after all"

sábado, 13 de outubro de 2007

Peso

Dói carregar o peso de si sozinho. Eu sinto dentro, bem no lugar onde devia estar a alma ou talvez o coração, sinto o peso incarregável, o fardo indizível, o vazio homérico. É contraditório à medida que quanto menos, mais dói. A ferida aberta sangra, deixa escapar, goteja noite por noite a alma e sangra, sangra, não percebem, ninguém percebe, ninguém vê.

Covarde, preencho o vazio com o inútil. Não adianta, procuro no escuro tateando perdido perdido no vazio de dentro, tento retirar qualquer coisa extrair algum sentimento um sorriso singelo que seja um aperto de mãos sincero quem sabe e... Nada.

Tragicamente falando, meus amigos, ando pelas ruas sozinho, ando acompanhado apenas de um grande NADA em meu peito, bem no lugar onde devia estar a alma ou talvez o coração... o Peso.

segunda-feira, 8 de outubro de 2007

Despoetização

proponho a despoetização
a destruição dos eufemismos
assim sucederá,
e dessa forma, sem mais lirismos
fazer-se-á

da fumaça embriagante a maconha
do pó branco a cocaína
da embriaguez a bebedeira
do infinito a falta de visão
do incontrolável a falta de controle
do improvável a falta de interesse
do impossível a falta de esforço
do improviso o mau planejamento
do desejo ardente o tesão
do tormento o grito de loucura
do poeta o louco
da loucura a paixão
da paixão o tormento
da poesia a cura.

quinta-feira, 4 de outubro de 2007

Eloisa

cigarros queimando fumaça fumaça sopro pra enxergar por trás o pensamento escondido na fumaça dos cigarros queimando que não me deixam ver o que eu tinha que dizer mesmo pra você não lembro talvez devesse ir com mais calma mas não há calma não há como explicar há fumaça embriagante dos cigarros que eu fumo por que não tem você por perto pra reclamar do cheiro e do gosto e da fumaça dos cigarros cigarros apagados logo acesos e fumaça que cega que emudece que impede que a verdade seja dita não esqueci não esquecerei tão rápido é isso que estava por tras da fumaça talvez não sei não sei não sei é o que mais tenho dito pensado feito não feito por que não sei muito bem o que fazer não sei nem se tinha que saber mas quero muito saber queria mesmo que você reclamasse mais da fumaça pra que ela sumisse quem sabe assim envergonhada de existir pra eu poder te dizer que eu quero você aqui e não essa fumaça nojenta.




"How shall I lose the sin, yet keep the sense,
And love th' offender, yet detest th' offence?
How the dear object from the crime remove,
Or how distinguish penitence from love?
Unequal task! a passion to resign,
For hearts so touch'd, so pierc'd, so lost as mine.
Ere such a soul regains its peaceful state,
How often must it love, how often hate!
How often hope, despair, resent, regret,
Conceal, disdain — do all things but forget."

terça-feira, 2 de outubro de 2007

Sem amor, só loucura

Hoje pensei em você,
Penso em você todo dia.
Tento pensar com alegria,
Tento evitar o clichê.

Mas acontece que

É verdade e você sabe,
Penso em você todo dia
E no coração,

(que antes você cabia)

Hoje, alegria não cabe.




"acordei bemol
tudo estava sustenido
sol fazia
só não fazia sentido"
Leminski