quarta-feira, 14 de abril de 2010

Isso por isso

A nossa geração é a geração dos deprimidos-conformados. O saber que a vida é uma merda é constante, e já não incomoda. É como ter conhecimento de que nossos objetivos são vazios e não vão nos levar a lugar algum, mas continuar avançando eles mesmo assim. Uma inércia inexplicável é que leva adiante as ações do dia-a-dia, que não têm aceleração nem direção própria. Os meios e os fins não se justificam, os meios são óbvios e os fins já foram desmistificados. O que move as engrenagens é o mistério maior, que não se decifra, e talvez seja o mais puro motor da vida: a vida por si mesma, ainda que ela se conheça fútil, não tenha crença em seu propósito e nem fé no seu resultado. Persiste, sem razão, e não se pode questionar os motivos, pois motivos não há.


"Nada disso tem moral
Nem tem lição
Curto as coisas
Que acendem e apagam
E se acendem novamente em vão...

Será que a gente
É louca ou lúcida?
Quando quer
Que tudo vire música?
De qualquer forma
Não me queixo
O inesperado quer chegar
Eu deixo..."

Perde o sentido

Perde o sentido
perde a direção
O coração que ama
não sabe encontrar razão
não sabe dizer o que foi
o que há
o que vai ser, o que será
que foi, que é, que talvez já
não há
Razão, se perde a direção,
perde o sentido
Não tem por quê
Pra que servem as ruas
quando ama o coração
Não sabe navegar,
tropeça no dia a dia
se enrola na agonia de saber
ou não saber
o que há
o que vai ser, o que será
que foi, que é, que talvez já
Não há
Por que ele quer saber
se é pra sempre, ou se é pra quando
quem vai dizer
pior que sabe
não há como saber
o que é, o que vai ser
se é pra sempre,
nenhum coração
sabe responder.





"Depois de ter você
pra quê querer saber
que horas são?
se é noite ou faz calor
se estamos no verão
se o sol virá ou não
ou pra que é que serve uma canção
como essa?

Depois de ter você
poetas para quê?
os deuses, as dúvidas?
pra quê amendoeiras pelas ruas?
para que servem as ruas
depois de ter você?"