domingo, 26 de agosto de 2007

Young Folks

O silêncio da aprendizagem solitária é duro, seco, cheio de verdades. Se infiltra nas horas remotas do dia, nos pensamentos, nas musicas mais animadas, mas nunca nas conversas pois conversas não há. O silêncio interior independe do ruído externo e leva à loucura, lentamente. Silenciosamente...

O silêncio do labirinto impossível em que nos encontramos, a falta de pistas, a quantidade de caminhos inúteis, nenhum deles nos salvará. Mas talvez seja necessário, entenda, um descanso para os sentidos, o coração hibernar, passaram tempos em que ouvíamos, sentíamos e fazíamos barulho demais. Talvez, de cima, faça algum sentido, mas não estamos voando, temos os pés no chão há muito tempo e só vemos paredes e bifurcações, pequenas esperanças de termos uma chance de escolha, sem saber que todos os caminhos acabam no mesmo lugar. Não temos penas, nem cera.

O silêncio é a musica repetida por toda a manhã, o silêncio está em insistir na busca. Vamos parar aqui, esse é nosso labirinto e aqui vamos ficar. Agora, vê, a saída é desistir de procurar.


"i can tell there's something goin' on
hours seem to disappear
everyone is leaving i'm still with you

it doesn't matter what we do
where we are going to
we can stick around and see this night through"

quinta-feira, 23 de agosto de 2007

Eu e meu amigo

Meu amigo e eu temos andado por aí, nós dois, meio confusos. Consentimos, de um tempo pra cá em andarmos devagar, visto que, pelo visto, não temos lugar pra chegar. Temos entrado por esquinas diversas e sombrias, em lojas que não vendem nada, em bares vazios de gente. Estamos perdendo a paciência, mas o fazemos pacientemente - de nada nos serve a pressa nessas esquinas tão diversas. Vamos escutando as mesmas músicas, ouvindo as mesmas estorias, vamos repetidamente, vamos ao mesmo lugar, vamos sem sair do mesmo, repetidamente, mesmo lugar. Vamos faça sol ou chuva, continuamos, persistimos, não somos, meu amigo e eu, de desistir. Mas estamos, nós dois, cansados e estamos, veja só, discutindo a possibilidade de, talvez, parar.

segunda-feira, 20 de agosto de 2007

A hora de voltar

Sempre chega, as vezes tarda, as vezes não, as vezes faz sentido e outras é em vão, mas sempre chega a hora de voltar quando o que começou ainda não deve terminar. A hora de voltar, na verdade, sempre é, de um jeito ou de outro, conveniente. Sempre é precisa, sempre acontece quando devia, nem antes nem depois. Uma história que começa não pode ficar sem fim, o não-fim é a maior garantia da continuação vindoura. O não-fim é a certeza de que a esperança não é indevida. O não-fim é o sossego dos românticos e a matéria dos poetas bêbados. O tempo passa mas os corações, teimosos, continuam. Os corações não mudam. E os nossos ainda estão, são, como foram, como deviam, continuam, como sabíamos, prometidos.

Somos, impossíveis, sol e lua. Somos, prometidos, o crepúsculo eterno e seus pequenos amores de fim de tarde. Curtos, mas eternos.


"this is the morning after the night before
i'm laying on my bed and i want more
and if you ask me to stay with you
if you want me here i'll stay with you
wont you let me have my way with you
won't you ask me, dear, to lay with you
and by the way, i wish you would just ask me
by the way, i wish you would, i wish you would
come and play, i wish you could, i wish you could
be with me"

domingo, 19 de agosto de 2007

Li por aí

Li por aí, outro dia, que às vezes o seu melhor simplesmente não é o bastante.
É cruel, como todas as verdades, como o mundo, como estar vivo, é cruel perceber. O acaso é cruel, não protege, o acaso te testa e te repreende se você falhar. O acaso trama contra seu bem estar, o acaso é o que causa o seu enjôo dominical, aquela sensação de que nada está certo e não vai mudar tão cedo. Improvavel é ser feliz nesse mundo maluco de pessoas perdidas e sem tato, pessoas cruéis, talvez elas estejam tentando se vingar mas não percebem que é em vão a vingança, especialmente se vingar de algo tão abstrato aplicando sua maldade indomável nos inocentes que, a partir disso, tornam-se também desejosos por vingança. É um puta ciclo errado, é o divino às avessas, é o podre gerando o podre quando devia ser o amor gerando o amor. É incrivel, o apego do ser humano à podridão, nosso gosto pelo azedo e pelo amargo, nosso pessimismo, e pior que isso apenas o detalhe triste de não ser pessimismo e sim realismo.


Lí por aí... no escape from reality.

Em cada esquina

Quando não há nada a fazer... não se faz nada.
Às vezes a vida não rima, seguiremos pelas avenidas, pelas ruas, pelos botecos, pelas paixões, pelas esquinas, mas vamos fazê-lo despretensiosamente, extingua tuas esperanças, guarde bem teus sonhos numa caixa aveludada, feche-os para que não se percam e não espere que tudo dê certo. Prossiga com cautela, conserve seu medo, passo a passo analise as situações, não te deixes enganar por ti mesmo. Acostume-se com as quedas mas não desista de levantar, não me pergunte, apenas confie: já disse um certo sábio, em falta do que fazer... melhor sobreviver.

Dói sim, o caminho é tortuoso e há espinhos nas rosas, e que rosas, mas não se engane, ignora esse perfume pelo teu próprio bem.



"o mundo é um moinho

vai triturar teus sonhos tão mesquinhos
vai reduzir as ilusões a pó

de cada amor tu herdarás só o cinismo
quando notares, estás a beira do abismo
abismo que cavaste com teus pés"

O velho

e o velho disse bem,
experiente e bem vivido,
não confies em ninguém
e jamais serás traído.

quinta-feira, 16 de agosto de 2007

Parece que o amor

Você é tão hipócrita, você e sua postura invencível, seu andar triunfante, seu jeito de fumar decidido como quem não se arrepende, como quem não tem por que penar, como quem, só de pensar, consegue o que quer, sabe o que quer, sabe nada, você é uma farsa.
Você e seus trejeitos mirabolantes, sorrisos pensados e jeito pedante. Mas todo mundo sabe, todo mundo não é nada pra você, todo mundo sabe, há muito tempo você nao tem qualquer querer, por que viver.
Você continua como sempre foi, gritando e chorando mesmo que nada vá mudar, mesmo que já tenha se passado tanto tempo e tanto tudo e tanto todos, você não cansa de sofrer, você quer corrigir o mundo desse mal que o mundo te faz por não te querer. Você continua a busca idiota, os projetos impossiveis, as distrações miúdas e nada muda.
Você precisa se lembrar, você precisa esquecer, você precisa de um pouco mais de você.


Por favor, muita calma, meu bem.
Tudo que vem passa também.
Se foi o amor que te deixou assim,
só tenha calma que vai ter fim.