segunda-feira, 22 de junho de 2009

Por detrás do teatro dos egos

No dia-a-dia, o viver humano é uma grande experiência de trocas. Ou de confrontos, mais provavelmente: no grande teatro da vida social, subliminarmente, participamos de uma interminável guerra de Egos na qual todos querem provar, uns para os outros e para si mesmos, que são melhores. Melhores que seus vizinhos, que seus colegas. Melhores que a média. Melhores que si mesmos. Eis um jogo deveras irritante porém praticamente inescapável. A pequenice do ser humano requer que ele procure justificar-se, mas justificar-se para si próprio não satisfaz: a sede de reconhecimento, de aprovação, é o grande motor dessa batalha social. E em meio a esse caos inexorável, buscamos nos refugiar em pequenos grupos nos quais possamos, por alguns momentos, baixar as defesas e largar as armas. São esses os amigos, e assim que se pode identificá-los, afinal. Maior que qualquer outra prova, a verdadeira amizade acontece numa conversa de bar, quando não há necessidade de buscar a aprovação pela certeza de já tê-la. Apenas os diálogos sinceros e afetuosos têm lugar. E é isso que torna o conviver com amigos algo especialmente agradável: a certeza da troca sem ruídos, sem duplos sentidos e sem ataques. É essa a solidez da amizade. Eis o tesouro do convívio: poder abandonar o teatro dos egos e dar algumas risadas pelos camarins, sem interpretar quaisquer papéis. Poder, enfim, relacionar-se sinceramente com seus amigos.