terça-feira, 10 de abril de 2018

Náufrago

Quando eu soube que te perdi, e quando vi como era final que eu te perdi, e como não havia o que eu pudesse fazer pra voltar atrás e te ter mais uma vez e evitar que eu te perdesse, eu me senti como naquela noite gelada do Titanic, e debaixo dos meus pés ele se partia e afundava, não, eu era o Titanic, quebrado em dois, lentamente afundando naquela água fria que me consumia sem remorso e indiferente, como quem diz “tudo afunda”, e nem as incontáveis horas de esforço e nem a engenharia meticulosa das poesias e nem os melhores materiais e nem todo o planejamento do mundo puderam resistir àquele iceberg que tanto lá estava quanto você colocou, e quando colidiu simplesmente se negou a mover, exigiu meu sacrifício, me disse: “daqui não se pode passar”, e eu, esse navio orgulhoso e otimista e cheio de planos pro futuro não tive outro jeito se não aceitar obstinadamente que todos esses planos iriam por água abaixo, todos os futuros iriam congelar nesse mar gelado e escuro pra nunca mais serem achados, nunca mais estarmos juntos, o dia que eu soube que te perdi eu naufraguei, cheguei no fundo do mar pra nunca mais navegar.

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